Seis Irregularidades Marcam as Eleições Gerais em Moçambique
As eleições gerais de 9
de Outubro de 2024 em Moçambique, que deveriam ser uma oportunidade de
demonstrar a maturidade democrática do país, foram, no entanto, marcadas por
inúmeras alegações de fraude e irregularidades.
As denúncias surgiram tanto de observadores internacionais e da sociedade civil, quanto de partidos da oposição, que apontam para violações do processo eleitoral. Entre os principais ilícitos relatados, destacam-se seis principais "fraudes" que mancharam o pleito.
1. Recenseamento Eleitoral Irregular
Diversos eleitores
relataram dificuldades em encontrar seus nomes nos cadernos eleitorais, o que
os impediu de exercer o direito de voto. Segundo observadores eleitorais,
particularmente nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, muitos cidadãos que
se recensearam não constavam nas listas eleitorais no dia da eleição.
Venâncio Mondlane,
candidato apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique
(PODEMOS), destacou que cadernos eleitorais adulterados foram distribuídos, com
eleitores diferentes dos originalmente recenseados, evidenciando uma possível
manipulação do processo eleitoral.
2. Boletins de Voto Adulterados
Irregularidades
envolvendo os boletins de voto também foram relatadas. O partido Acção do
Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI) denunciou que, em alguns
círculos eleitorais, seu nome e símbolo apareceram no verso dos boletins de
voto, uma situação descrita como um grave ilícito eleitoral.
Além disso, o candidato
da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) a governador da Zambézia, Manuel
de Araújo, expôs a existência de um "circuito paralelo de boletins de
voto", tendo em seu poder 117 boletins descobertos em armazéns do
Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), levantando sérias
questões sobre a integridade do processo.
3. Exclusão de Observadores e Delegados da Oposição
Outra denúncia crítica
foi a exclusão de observadores e delegados de candidatura da oposição nas mesas
de votação.
Segundo João Cravinho,
ex-ministro português, a disparidade entre o número de delegados partidários
foi clara, com o partido governante, FRELIMO, sendo amplamente representado,
enquanto partidos da oposição, como RENAMO e MDM, enfrentaram obstáculos para
credenciar seus representantes.
Em muitas províncias,
como Zambézia e Sofala, houve relatos de delegados da oposição sendo impedidos
de monitorar o processo eleitoral.
4. Preenchimento de Urnas
Casos de preenchimento
de urnas foram flagrados em províncias como Zambézia e Nampula, onde foram
descobertas pessoas com boletins de voto já preenchidos. Esse fenómeno,
conhecido como "enchimento de urnas", levantou suspeitas sobre a
veracidade dos resultados em várias áreas.
Analistas e plataformas
civis, como a DECIDE, relataram que muitos eleitores não conseguiram votar,
pois seus nomes já haviam sido utilizados em outras zonas, comprometendo ainda
mais o processo.
5. Intimidação de Eleitores
Houve relatos de
intimidação de eleitores em várias regiões do país. Em Nampula, por exemplo,
observadores relataram o uso indevido de policiais camuflados como membros das
mesas de voto (MMVs). Essas situações de coerção levantaram sérias dúvidas sobre
a legitimidade dos votos emitidos e sobre a independência dos órgãos eleitorais
responsáveis pelo pleito.
6. Falta de Materiais
Tanto no momento da
votação quanto na contagem dos votos, foram registradas faltas de materiais em
várias províncias.
A plataforma Sala da
Paz relatou atrasos na abertura das assembleias de voto devido à falta de
boletins e outros materiais essenciais, além de cortes de energia durante a
contagem dos votos, comprometendo a transparência do processo.
Esta série de denúncias
traz à tona a necessidade de uma investigação aprofundada para garantir a
integridade do processo democrático em Moçambique.
O futuro político do
país depende da confiança que seus cidadãos podem depositar em suas
instituições eleitorais, que neste momento encontram-se gravemente abaladas.
PUB:
Eleição em Moçambique é marcada por denúncias de fraude, desde recenseamento
irregular até adulteração de boletins de voto e exclusão de delegados da
oposição."
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